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MÉTODO DELPHI: FUNDAMENTOS, CRÍTICAS E VIESES

MÉTODO DELPHI: FUNDAMENTOS, CRÍTICAS E VIESES

Toda empresa se defronta com um grande dilema no desenvolvimento de suas atividades: a responsabilidade de se decidir como, quando e onde aplicar seus recursos. Na teoria financeira, esses problemas são discutidos no segmento de decisões de investimento – os dois outros segmentos principais são as decisões de financiamento e política de dividendos.

Ao longo de várias décadas, foram desenvolvidas muitas teorias com o objetivo de se auxiliar a tomada de decisões. O conjunto de instrumentos mais conhecido e, portanto, mais utilizado é aquele que contempla o uso dos chamados critérios quantitativos de análise econômica de projetos, quais sejam: o Tempo de Recuperação (Payback), o Valor Atual Líquido, a Taxa Interna de Retorno e o Índice de Valor Atual. A facilidade de manuseio e de compreensão desses instrumentos é sua principal vantagem. Por outro lado, são pouco eficazes ao lidarem com condições de incerteza. Essa lacuna foi coberta pelo surgimento da chamada “Moderna Teoria de Finanças”, cujo precursor foi Harry Markowitz.

Além dos métodos quantitativos de análise de investimentos, também foram desenvolvidos instrumentos, no âmbito da Teoria das Decisões, que levam em conta aspectos subjetivos. Dentre esses instrumentos, destacam-se a árvore de decisão, a análise de sensibilidade, entre outros.

Não obstante, mesmo os métodos eminentemente quantitativos guardam alguns aspectos subjetivos. A formação de uma carteira de investimentos, por exemplo, sofre a influência de cenários econômicos futuros que, evidentemente, não são conhecidos no momento da aplicação dos recursos. A fim de amenizar os efeitos de um eventual revés da economia, são projetados cenários a partir da opinião emitida por especialistas da área. O Delphi, um dos vários métodos de pesquisa qualitativa, pode ser um instrumento valioso na construção de tais cenários.

O objetivo deste ensaio é apresentar um quadro básico do método Delphi, de forma a destacar suas características fundamentais e expor as críticas mais comuns ao seu uso. Além disso, é abordado o tema dos vieses relacionados à percepção e julgamento dos seres humanos, assunto amplamente estudado pela Psicologia Cognitiva e que pode ser um importante subsídio à construção e aplicação do método Delphi, no que diz respeito à formação da opinião do especialista. Por fim, para efeitos meramente didáticos, é dado um exemplo de construção de cenários econômicos utilizando-se o método Delphi.

Pages: 51-61
Authors: Eduardo Kazuo Kayo
José Roberto Securato
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