O objetivo deste artigo é refletir sobre o papel da Tecnologia da Informática (TI) no processo de indução de mudanças organizacionais de larga escala em uma empresa que foi alvo de um processo de intervenção. Além disso, pretendemos discutir o papel da cultura organizacional no fenômeno da resistência às mudanças.
A empresa em questão, foi nossa cliente num processo de consultora que durou algo em torno de oito meses. O objetivo da equipe de consultores (um engenheiro, um administrador e um psicólogo) era contribuir com a introdução de um sistema de informações gerenciais totalmente integrado que permitiria à administração da empresa monitorar todas as funções organizacionais em tempo real.
O desenvolvimento de tal projeto implicou o total envolvimento dos diretores e gerentes da empresa na discussão das bases de dados que comporiam os bancos de dados que, por sua vez, integrariam o sistema de informações. Esse processo de discussão levou a reflexões acerca dos processos (atividades) de cada área e de aspectos estruturais da organização.
Inicialmente, levantamos a hipótese de que a completa implantação do sistema de informação, caso tivesse ocorrido, implicaria:
· a introdução e reformulação de processos de trabalho;
· as alterações na estrutura organizacional;
· a reformulação da mentalidade gerencial e da cultura organizacional.
Porém, o projeto não foi desenvolvido até o final, sendo que a empresa preferiu implantar apenas parte do sistema de informação, alegando que não dispunha de recursos para desenvolvê-lo até o fim.
Por um lado, se o projeto não foi totalmente implantado, por outro, permitiu observar e, na medida do possível, intervir em processos psicossociais de resistências às inovações, advindas da implantação da nova tecnologia. Neste aspecto, foi importante o papel que a cultura organizacional desempenhou como anteparo às mudanças, atuando como mecanismo de defesa contra a ansiedade gerada pelas transformações que estavam na iminência de ocorrer.
Pages: | 19-25 |
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Authors: | Luis Arnaldo Stevanato Mestrando do curso de Pós- Graduação, FEA/USP; Psicólogo formado pela USP e Professor de Psicologia do Trabalho |
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