O Agribusiness Mundial e Brasileiro
O conceito de agribusiness data de 1957, quando os Profs. John Davis & Ray Goldberg formalizaram-no como sendo a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Ou seja, começava a ganhar grande importância a chamada visão sistêmica englobando todos os envolvidos, desde a pesquisa até o consumidor final, desde o chamado “antes da porteira”, até o “pós-porteira”.
Esta visão sistêmica da atividade permite a compreensão do funcionamento de todo o sistema produtivo, sendo insumo indispensável para que autoridades públicas e agentes econômicos privados, os chamados tomadores de decisão, tenham possibilidade de formular políticas com precisão, justiça e maior probabilidade de acerto, além de permitir considerar todas as especificidades do sistema de produção agrícola.
O agribusiness representa aproximadamente 35% do PIB brasileiro, 40% das exportações e cerca de 65% do saldo da balança comercial nos últimos anos. Emprega mais de 21 milhões de pessoas, tendo proporcionado, em 1989, uma receita cambial de US$ 13 bilhões (ABAG, 1993).
Ocupa posição de destaque a nível mundial em diversos produtos, tais como soja e derivados, suco cítrico, café, frango, papel e celulose, entre outros, mesmo com a instabilidade econômica e as precárias condições de crédito rural e/ou subsídios presentes, e tendo como concorrentes os países do chamado “primeiro mundo”, com exorbitantes gastos em protecionismo e subsídios à produção (estimados em cerca de US$ 353 bilhões em 1992, nos principais países europeus, asiáticos e norte-americanos).
Agribusiness: O Setor de Insumos Veterinários
Trata-se de um segmento que atinge, no mundo, cerca de US$ 13 bilhões anuais (segundo publicações da Revista Animal Pharm), onde o Brasil se destaca como sendo o quarto maior mercado, com cerca de 5% do total mundial (450 a 500 US$ milhões/ano). Convivem empresas nacionais (detentoras de 30% do mercado) com as grandes corporações multinacionais, líderes de vendas no mundo e no Brasil. Apesar disto, a estrutura é atomizada, pois conta com mais de 150 empresas. Destas, segundo a ABAG, metade tem atuação regional, não sendo consideradas participantes ativas do mercado.
Tanto no Brasil como no mundo, observa-se forte concentração do mercado. Filiadas ao Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Animais encontram-se 89 empresas, das quais 64 são nacionais e 25 de capital estrangeiro. Estas 89 empresas possuem aproximadamente, 90% do mercado. As principais empresas mundiais são da área química e farmacêutica, com atuação secundária na área veterinária, como, por exemplo, Rhone Poulenc (França), Roche (Suíça), Merck Sharp & Dohme (EUA), Pfizer (EUA), Basf (Alemanha), Bayer (Alemanha), Hoeschst (Alemanha), etc.
No mercado mundial, segundo a Revista Animal Pharm, as principais categorias de produtos são os antimicrobianos com 27%, os nutricionais com 25%, os parasiticidas com 22%, vacinas e diagnósticos com 13%, e outros com 13%. No Brasil, os principais produtos comercializados são os nutricionais com 36% do mercado, os parasiticidas, com 32%, os antimicrobianos com 15%, as vacinas com 13%, outros com 4%. Quanto à participação por classes de animais, no mercado mundial, 30% é para bovinos, 20% para suínos, 20% para aves, 10% para ovinos e 20% para outros.
No Brasil, segundo o Sindan, a bovinocultura ocupa a participação mais expressiva com 67%, seguida pela avicultura com 19%, e pela suinocultura com 9%. A ABAG estima que este ramo de insumos veterinários emprega, hoje, cerca de 10 mil pessoas. Se a economia nacional estivesse em funcionamento normal, o mercado veterinário seria de, aproximadamente, US$ 700 milhões/ano de faturamento, eliminando-se a atual capacidade ociosa, estimada em 30 a 35% (ABAG).
Há um aspecto particular nesse setor que é o nicho aberto às empresas nacionais devido às diferenças entre o padrão de distribuição das espécies e a ocorrência de problemas sanitários e nutricionais próprios da região onde o Brasil se encontra, podendo ser ocupado sem se confrontarem diretamente com as empresas multinacionais. Se por um lado é uma vantagem, por outro lado não podem contar com a base internacional para desenvolvimento de produtos nesses nichos.
Após esta introdução ao agribusiness e ao setor de insumos veterinários, serão comentados aspectos de importância da tecnologia no setor, visão sistêmica no desenvolvimento tecnológico, gestão, complexo e processo tecnológico, intercâmbio empresa/universidade/institutos de pesquisa, papel do consumidor e seus impactos na cadeia e alianças/parcerias estratégicas.
Authors: | Roberto Silva Waack Diretor de Gestão da Tecnologia da Vallée S/A Décio Zylberstajn Professor da FEA/USP e Coordenador do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (PENSA/FEA/USP) Marcos Fava Neves Mestrando da FEA/USP, integrante do PENSA e assessor de Projetos em Agribusiness da Holding Carfepe (Valleé S/A, Granja Planalto e Moinho Sete Irmãos) |
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