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A COMPETITIVIDADE E A CADEIA DE AGREGAÇÃO DE VALOR

A COMPETITIVIDADE E A CADEIA DE AGREGAÇÃO DE VALOR

A sociedade moderna é uma sociedade de organizações que fornecem uma vasta faixa de bens e serviços de que precisa. As organizações são grupos de pessoas, deliberadamente reunidas, com relações estáveis, que combinam seus próprios esforços e outros tipos de recursos, para alcançarem propósitos coletivos, efetuando para transações planejadas com o ambiente (Maximiano, 1985).

Toda organização transforma ou combina recursos, trabalho, informação, instalações, materiais e capital, adicionando valor por intermédio de um processo. O produto resultante chega às mãos dos consumidores e, posteriormente, reflui sob a forma de recursos econômicos, fechando o ciclo produção-consumo. A busca pela efetivação da troca de bens e serviços por, normalmente, valor monetário, gera a competição.

As organizações industriais do período pós-guerra atuavam em um mercado de poucos concorrentes e apresentavam como estratégia de negócio a produção em massa de um número limitado de produtos e a crescente ampliação das vendas. Até meados da década de setenta, a competitividade estava relacionada ao desempenho financeiro e à produtividade física, com foco em custos, eficiência técnica e lucratividade.

Após este período, o mercado passa de vendedor a comprador e o estudo dos novos fatores determinantes da competitividade torna-se uma necessidade. O ambiente dos anos noventa apresenta novas dimensões. O avanço no mercado internacional dos produtos japoneses, diferenciados, com alta qualidade e desempenho técnico superior e preços competitivos, ocorre, totalmente, em desacordo com os padrões até então empregados. O menor ciclo de vida dos produtos estimula a inovação e a redução do tempo de consumo. A globalização dos mercados, a formação de blocos econômicos nas mais diversas partes do mundo, a evolução vertiginosa de tecnologias e, consequentemente, a crescente complexidade e incerteza do ambiente compõem um cenário no qual a questão competitividade, tanto em nível do país quanto da organização, torna-se imperativa.

Até bem pouco tempo atrás, a indústria brasileira operava em uma situação confortável e de certa acomodação devido a políticas nacionais protecionistas e subsidiadoras. A palavra competir estava associada a preço, calculado a crescente em uma margem de lucro sobre os custos operacionais. A abertura de mercado e o corte de subsídios alteram a situação. Os preços passam a ser ditados pelo mercado e o lucro torna-se uma função da melhor administração de custos.

O comportamento do consumidor também muda. Este se torna mais exigente. Passa a considerar no processo de compra, além do próprio produto, outros fatores como qualidade, funcionalidade, preço, prazo de entrega, condições de pagamento, entre outros. Hoje, mais do que nunca, o comportamento do consumidor demanda inovar e rever o quadro conceitual, pois os desafios, as ameaças e as oportunidades que as empresas encontram mudam num ritmo muito veloz.

A grande proliferação de artigos sobre o tema em nível global, particularmente nos últimos dez anos, atesta o interesse que a compreensão do fenômeno tem despertado. Acrescenta-se a isso que o seu estudo é amplo e comporta uma gama variada de enfoques. Por exemplo, ela pode ser analisada em diferentes graus de abrangência, ora relacionando-a à nação, à indústria ou ainda à organização. Nota-se ainda que esses níveis se interpenetram: o mundial afeta o setorial que interfere no empresarial e vice-versa.

Com relação à competitividade empresarial, que é a que nos interessa, também comporta várias abordagens: a mercadológica — enfatiza a relação com a concorrência e com o cliente, buscando aumentar o valor que é fornecido como estratégia competitiva; a de manufatura — investe nos processos de adicionamento de valor; a de tecnologia — procura recriar o jogo competitivo através da evolução e revolução nos processos; e a de gestão — enfatiza a infraestrutura das relações. Assim, essas estratégias indicam a busca pela competitividade por intermédio do aumento do valor agregado e/ou fornecido pela sua cadeia.

Este trabalho busca contribuir para a compreensão da competitividade, formulando um modelo que integre a abordagem mercadológica e a de operações, por meio do estudo da cadeia de agregação de valor. Acreditamos, de acordo com Porter (1985), que a cadeia de valor possa ser analisada com objetivos estratégicos, desagregando-a em suas principais atividades para a identificação do valor.

O foco do trabalho está no estudo da competitividade em função da agregação de valor proporcionada pelos elos, conexões entre os elementos, que formam a cadeia da organização e que propiciam a transformação e a entrega do produto ao consumo. O estudo pretende contribuir para o aperfeiçoamento de estratégias organizacionais e para o melhor gerenciamento de recursos.

Pages: 63-71
Authors: Mirtes Cristina Alves dos Santos
Mestranda do curso de Pós- Graduação, FEA-USP
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